Entrimagens

ocupação

participação política e crianças

Este conjunto de fotos registra a elaboração de cartazes e faixas, em meio a muitas conversas, cujo assunto principal foi a reivindicação do direito à moradia. Interessa observar que se trata de um ato protagonizado por crianças. Elas estão presentes em distintos contextos e constroem diferentes modos de participação, alguns deles inusitados aos nossos olhares e conhecimentos afeitos a determinadas maneiras concebidas e consentidas sobre o que é participar. Mas, ao afirmarmos que há participação política entre  com crianças, desde pequenas, isso exige que identifiquemos o que estamos compreendendo por participação política, conceito cuja complexidade exige muita atenção. Neste conjunto, nos atemos apenas a chamar a atenção para formas de participação em diferentes contextos e condições sociais envolvendo grupos nem sempre considerados, como as crianças. Afinal, elas participam politicamente? Esse é um mote para reflexões futuras. Essas imagens buscam apenas suscitar debates sobre crianças e participação em processos de luta política. Como articular concepções de infância e as representações já forjadas sobre meninas, menines e meninos, e o que está além de atividades escolares? Participar  é um dos principais motes para o aprendizado de formas democráticas da e na vida social.. E as crianças? É observável a presença de crianças em movimentos sociais de luta por terra e moradia em distintos lugares e de variadas formas. Isso nos inspira a pensar sobre cidadania, criança e mais: sobre o aprendizado e reivindicações de direitos e o que vem a ser sujeito político, neste caso, em construção. As imagens são provocadoras de inúmeras inferências, sensações, reflexões, e também são interessadas, mostram posições tomadas por quem as escolhe e as apresenta. Aqui nesse conjunto de fotografias, as crianças são centrais. Elas estão pintando e produzindo cartazes que seriam usados nos dias seguintes em manifestação pelo não despejo de moradores da ocupação em que vivem. São evocadas ou, pelo menos, consideradas suas capacidades de atuar em relação à mudança de regras e determinações políticas e de transformação em relação às formas vigentes de viver de modos sutis, diariamente construídos nas relações entre crianças e estas/us/es adultas, adultes e adultos, majoritariamente mulheres. As imagens funcionam como chamado para pensarmos de modo mais abrangente sobre maneiras ora mais, ora menos aparentes ou frequentes de luta em suas potencialidades. A forma de participação infantil aqui desnudada altera ritmos e práticas nos movimentos sociais que mudam algumas de suas pautas e/ou estimulam outras. Essa questão carece de reflexões aprofundadas devido à sua característica fugaz, com compreensão ainda lacunar pelos movimentos sociais e determinados grupos de pesquisadoras/es. Pretendemos apenas que este pequeno conjunto de fotografias de acervo pessoal  seja um ponto de inflexão que indique pensamentos sobre o país e sua longa e presente história de disputas políticas, que podem ser pensadas também do ponto de vista de crianças cujos envolvimentos e seus resultados ocorrem direta ou indiretamente. Por saber que se trata de questão delicada e profunda, convidamos a olhar e, quem sabe, provocar diálogos.

 

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